O mercado de e-commerces internacional já vem crescendo há algum tempo no Brasil. Essa expansão vem desafiando as empresas locais a se adaptarem ao novo cenário, onde as gigantes asiáticas têm se sobressaído. 

No Brasil o Mercado Livre é um dos maiores players do setor de comércio eletrônico. Mesmo assim, enfrenta a concorrência de empresas como Shopee e Shein no setor de moda. Elas se tornaram a opção número 1 de muitos brasileiros na hora de comprar roupas e outros produtos.

Para se manter competitivo, o Mercado Livre estruturou uma estratégia para atender às demandas dos consumidores brasileiros, por meio de uma parceria com vendedores do Brás.

Estamos falando de um dos principais centros de confecção, venda e distribuição de moda do país, em uma parceria com o marketplace de maior market share.

Meninas segurando sacolas da Shein nas mãos
Foto/Reprodução

O Mercado de e-commerce Internacional

No Brasil, o e-commerce internacional também está crescendo rapidamente, como já pontuado anteriormente. Só em 2022 o crescimento no número de pedidos foi de 30%, com rendimento de aproximadamente R$200 bilhões.

Esse crescimento pode ser explicado a partir da busca dos consumidores por roupas com preços mais competitivos e pela grande variedade de opções oferecidas.

Os brasileiros estão ficando mais atentos à relação custo x benefício, valorizando a qualidade das peças adquiridas e o preço pago, mesmo que signifique alguns dias a mais no prazo de entrega. 

Muito disso tem relação com o aumento exacerbado no preço de lojas que antes se encaixavam como populares, incluindo Renner e C&A. Se antes as pessoas iam até essas lojas para encontrar peças boas e baratas, hoje elas optam por comprar online, de lojas internacionais.  

O Mercado Livre e sua posição na América Latina 

O Mercado Livre possui de 200 milhões de usuários ativos em 19 países da América Latina, o que faz dele um dos principais players na região. Em 11 desses países, incluindo o Brasil, detém uma posição de destaque.

No Brasil, o Mercado Livre é o líder com participação de mercado de expressivos 13,8%. Com mais de 67 milhões de usuários ativos no país, a popularidade é intensificada pela variedade de produtos, preços competitivos e um aplicativo intuitivo, de fácil utilização.

Dados sobre o domínio do Mercado Livre na América Latina
Imagem: Think With Google

Contando com uma plataforma acessível tanto para vendedores individuais quanto para empresas, a marca ajudará a expandir o alcance dos produtos para um público mais amplo, o que para o vendedores do Brás é algo bem relevante

Essa contribuição para o comércio eletrônico da América do Sul também desempenha um papel fundamental no desenvolvimento econômico da região sul das Américas. 

A parceria estratégica com o Brás

A parceria entre o Mercado Livre e o Brás visa fortalecer a posição da empresa no mercado de varejo online brasileiro, trazendo uma competitividade ainda maior frente aos concorrentes internacionais.

O Brás é reconhecido como o maior polo de confecção de roupas e artigos de moda do Brasil. O local chega a receber uma média de 300 mil pessoas diariamente, que vão em busca de produtos para o setor do atacado e do varejo, sendo mais focado em artigos de moda. 

Para se ter uma noção, são 5000 lojas e 55 ruas comerciais que recebem excursões de compras toda semana, quase diariamente. Sacolas e mais sacolas carregadas são levadas pelos sacoleiros, a diversas regiões do país.

Movimento de pessoas em frente a uma banca e lojas de roupas no Brás em São Paulo
Foto/Reprodução

A estratégia tem a ver com a preferência que o público brasileiro tem desenvolvido por comprar roupas em lojas internacionais, que oferecem produtos de boa qualidade e que saem muito mais barato do que roupas compradas dentro do território nacional.

O Mercado Livre enxergou nisso uma oportunidade de conectar a praticidade da compra online, com os vendedores do local de maior referência do comércio de moda do país: o Brás.

A parceria prevê os seguintes objetivos:

  • Ampliar a oferta de produtos de moda no Mercado Livre
  • Reduzir os custos de logística para os comerciantes do Brás
  • Fortalecer a presença do Mercado Livre no mercado de moda brasileiro
  • Oferecer opções relevantes aos consumidores

A estratégia para concorrer com marketplaces Internacionais

A parceria entre o Mercado Livre e o Brás é uma estratégia para competir com e-commerces internacionais como Shein e Shopee. 

Em ambos sites é possível encontrar roupas a preços extremamente competitivos, mas ainda assim estas empresas acabam enfrentando desafios com a logística e a tributação do Brasil. 

Com as mudanças nas questões tributárias envolvendo importação, um sentimento de preocupação e incerteza deixou os consumidores um pouco abalados. 

Essa nova parceria permitirá ao Mercado Livre oferecer uma variedade maior de produtos de moda, a preços muito mais competitivos, que se assemelham aos que são praticados pela Shein, por exemplo. 

Também poderá oferecer aos comerciantes locais um serviço de logística eficiente, o que pode, num geral, reduzir os custos logísticos e melhorar a experiência de compra dos consumidores, que não precisarão se deslocar até o Brás para adquirir produtos.

Assim, o Mercado Livre se beneficia, auxilia os comerciantes do Brás e supre a demanda dos consumidores por produtos baratos e de boa qualidade. Bem inteligente, né? Resta saber como será a aceitação do público e dos vendedores locais com a novidade.

De maneira geral, para os consumidores, a parceria pode significar:

  • Maior variedade de produtos de moda
  • Preços mais competitivos
  • Experiência de compra mais conveniente
  • Isenção das taxas de importação 

Para os comerciantes do Brás, a parceria pode gerar:

  • Maior exposição a novos clientes
  • Redução nos custos de logística
  • Uma oportunidade de crescimento
  • Um maior alcance de clientes

Desafios e considerações futuras

A parceria ainda é bem recente e é possível que a empresa enfrente alguns desafios nesse processo de inserção da novidade no mercado.

Um dos desafios é a concorrência internacional, que pode querer reagir a essa parceria com novas estratégias, seja oferecendo mais descontos, parcelamentos e até mesmo cupons e a regularização da taxação nos pacotes enviados ao Brasil.

Com o Programa Remessa Conforme, novo programa do governo que prevê isenção do imposto de importação para compras abaixo de US$ 50 (cerca de R$ 245), as gigantes internacionais já conseguiram driblar um pouco disso.  

Logo da Shein ao fundo, com um acelular aberto no Aplicativo da Shein, em cima de um teclado de computador, com uma miniatura de carrinho de compras ao lado.
Foto/Reprodução

Outro desafio é a logística. O Mercado Livre terá que garantir que os produtos enviados pelos comerciantes sejam entregues aos consumidores, de forma rápida e eficiente, assim como já é feito dentro do marketplace. 

Apesar dos desafios, a parceria tem o potencial de revolucionar o mercado de moda brasileiro. Ela pode ajudar a empresa a se manter competitiva em relação ao cenário internacional e a apoiar o crescimento dos pequenos e médios comerciantes do Brás, levando o crédito por isso.